Os números do estado de SP no Censo
O Censo realizado no último ano traça o retrato rico e complexo do estado de SP
O último Censo do IBGE, realizado em 2022, devido à pandemia, mostrou grandes variações em relação aos dados obtidos em 2010. A população do estado de São Paulo passou de 41 para 44 milhões, sendo que a capital ainda é a mais populosa, com 11 milhões de habitantes.
No entanto, também houve queda populacional em algumas partes do estado, inclusive no litoral. Pode-se afirmar que há menos pessoas procurando por apartamento para alugar em Guarulhos, ao menos com a intenção de longa permanência, já que outras partes do litoral paulista estão despertando maior interesse.
Segundo a pesquisa, a cidade de Borá é a menos populosa do estado, com 907 habitantes, já Cubatão teve redução, assim como as regiões de Pontal do Paranapanema e o Vale do Ribeira.
Crescimento no interior
Apesar de a capital ter visto mudanças na sua população total, o interior também não fica para trás. Regiões como São José do Rio Preto e Ribeirão Preto observaram um crescimento populacional. A primeira cidade teve ganho de 72 mil habitantes, enquanto a segunda teve 93 mil habitantes.
A explicação para o crescimento nestas regiões é bastante simples e está vinculada ao agronegócio. São cidades com economia focada no agro e que têm recebido destaque, vivendo um bom momento no mundo pós-pandêmico.
Litoral paulista
Outra região que surpreendeu no Censo foi o litoral paulista. Já era esperado que houvesse crescimento populacional, afinal, durante a pandemia, muitas pessoas optaram por deixar a capital e viver perto da praia. Quando a situação normalizou, com os sistemas de trabalho home office, houve quem não quis retornar.
No entanto, a pesquisa revela que as cidades mais populosas no último Censo, como a Baixada Santista, tiveram redução no número de moradores. Por outro lado, as regiões mais vazias, que vão da Ilha Comprida até Ubatuba, cresceram bastante.
Para o demógrafo José Marcos Pinto da Cunha, do Núcleo de Estudos da População da Universidade Estadual de Campinas (Nepo-Unicamp), em entrevista ao jornal O Globo, a explicação é simples: “a parte continental de Santos tem poucas áreas disponíveis, por causa das áreas protegidas na serra do mar, e a parte insular ela praticamente se esgotou. Não tem mais espaço para a população ali”.
Regiões mais pobres tendem a envelhecer
As regiões de Vale do Ribeira e Pontal do Paranapanema vivem um momento de esvaziamento populacional. São partes do estado que vão na contramão de outras cidades, porém, há explicações econômicas para isso.
Segundo Cunha, Pontal cresceu muito nas décadas de 1950 e 1960, principalmente por ter cidades importantes por perto, como Presidente Prudente, mas agora isso está mudando.
Os municípios menores não contam com atividades econômicas que ajudem a fortalecer as cidades e manter a população ali, o que faz com que busquem melhores condições de vida em outras regiões do estado.
Nas palavras do demógrafo, “existe também ali uma fuga da população mais jovem, que tem que buscar alternativas para estudar e até para trabalhar. Então, ao mesmo tempo que esses municípios encolhem, eles tendem a envelhecer também”.
Já o Ribeira, além de ser uma das regiões mais pobres do estado, sempre teve tendência a ter uma população pequena, por ter muitas áreas de preservação ambiental. É difícil criar políticas e até fazer a economia se manter nessas cidades.
Contraste de crescimento x encolhimento
Por mais que a capital paulista tenha apresentado um bom crescimento, ainda não se encontra entre as cidades que mais tiveram um aumento populacional. Em porcentagem, a mudança de 41 milhões para 44 milhões representa apenas 0,15%.
Algumas cidades se destacaram, e tiveram contraste, uma por ser a que mais cresceu e outra a que mais perdeu habitantes. Foram elas: Bady Bassitt, com 5,3% de aumento, que atualmente vivencia o fenômeno dos condomínios fechados, assim como Santana de Parnaíba, favorecendo o interesse em viver na região; e Irapuru, que encolheu 2,24%, uma das maiores reduções do estado.